Sempre que o STF profere alguma decisão bizarra, o povo logo se apressa para sentenciar:
- Nem se passa pela cabeça dos eleitores que os outros juízes – sim,
- OUTROS – se contorcem de vergonha com certas decisões da Suprema Corte, e não se sentem nem um pouco representados por ela.
O que muitos juízes sentem é que existem duas Justiças no Brasil. E essas Justiças não se misturam uma com a outra.
- Uma é a dos juízes por indicação política.
- A outra é a dos juízes concursados.
A Justiça do STF e a Justiça de primeiro grau revelam a existência de duas categorias de juízes que não se misturam. São como água e azeite.
São dois mundos completamente isolados um do outro. Um não tem contato nenhum com o outro e um não se assemelha em nada com o outro. Um, muitas vezes, parece atuar contra o outro.
- Faz declarações contra o outro.
- E o outro, por muitas vezes, morre de vergonha do um.
Geralmente, o outro prefere que os “juízes” do STF sejam mesmo chamados de Ministros – para não confundir com os demais, os verdadeiros juízes.
A atual composição do STF revela que, dentre os 11 Ministros (sim, M-I-N-I-S-T-R-O-S!), apenas dois são magistrados de carreira:
- Rosa Weber e Luiz Fux. Ou seja: nove deles não têm a mais vaga ideia do que é gerir uma unidade judiciária a quilômetros de distância de sua família, em cidades pequenas de interior, com falta de mão-de-obra e de infra-estrutura, com uma demanda acachapante e praticamente inadministrável.
Julgam grandes causas – as mais importantes do Brasil como: –
- Sem terem nunca sequer julgado um inventario da dona Maria que morreu.
- Nenhuma pensão alimentícia simplória.
- Nenhuma medida para um menor infrator,
- Nenhuma remédio para um doente,
- Nenhuma internação para um idoso,
- Nenhuma autorização para menor em eventos e viagens,
- Nenhuma partilha de bens,
- Nenhuma aposentadoria rural.
- Nada. NADA.
Certamente não fazem a menor ideia de como é visitar a casa humilde da senhora acamada que não se mexe, para propiciar-lhe a interdição.
- Nem imaginam como é desgastante a visita periódica ao presídio – e o percorrer por entre as celas.
- Nem sonham com as correições nos cartórios extrajudiciais.
- Nem supõem o que seja passar um dia inteiro ouvindo testemunhas e interrogando réus. Nunca presidiram uma sessão do Tribunal do Júri.
- Não conhecem as agruras, as dificuldades do interior.
- Não conhecem nada do que é ser juiz de primeiro grau. Nada.
Do alto de seus carros com motorista pagos com dinheiro público, não devem fazer a menor ideia de que ser juiz de verdade é não ter motorista nenhum.
- Ser juiz é andar com seu próprio carro – por sua conta e risco – nas estradas de terra do interior do Brasil. Talvez os Ministros nem saibam o que é uma estrada de terra – ou nem se lembrem mais o que é isso.
Às vezes, nem a gasolina ganhamos, tirando muitas vezes do nosso próprio bolso para sustentar o Estado, sem saber se um dia seremos reembolsados - muitas vezes não somos.
- Será que os juízes, digo, Ministros do STF sabem o que é passar por isso?
Por que será que os réus lutam tanto para serem julgados pelo STF (o famoso “foro privilegiado")
- – fugindo dos juízes de primeiro grau como o diabo foge da cruz?
Por que será que eles preferem ser julgados pelos “juízes” indicados politicamente, e não pelos juízes concursados?
É por essas e outras que, sem constrangimento algum, rogo-lhes: não me coloquem no mesmo balaio do STF. Faço parte da outra Justiça:
- A de VERDADE.
BEM EXPLICADO, AS DUAS CATEGORIAS DE JUSTIÇA.
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