quarta-feira, 8 de março de 2017

AS MULHERES COMUNISTAS EM BUSCA DE CAMINHOS PARA SEUS DIREITOS E DE SUAS LUTAS POLITICAS!


As mulheres se envolvem em todas as campanhas cívicas que ocorrem no Brasil todos os anos , como a luta pela democracia e por sistema mais igualitário , pelo direito a todas as brasileiras para combater por seus direitos em solo brasileiro.

A mulheres comunistas lutaram pela anistia aos presos e exilados políticos. Contudo, nenhuma delas participaram da conferência clandestina que reorganizou o Partido Comunista no Brasil , que ficou conhecida como Conferência da Mantiqueira. Nenhuma viria a compor o novo Comitê Central eleito naquela ocasião.

No período final do Estado Novo os comunistas organizaram os comitês democráticos ou populares, que dariam base para a grande expansão partidária daqueles anos de abertura política e de conquista da legalidade. Neste processo teve início o trabalho de organização das mulheres trabalhadoras e dos bairros populares.

O PRESTÍGIO DAS MULHERES NO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL E DE SUAS LUTAS NA POLITICA

O prestígio do Partido Comunista do Brasil estava no seu auge. Com a legalização, ocorrida em 1945, transformou-se, pela primeira vez, num Partido de massas. Chegou a ter 200 mil membros. Entre eles se encontravam milhares e mulheres de mulheres. Embora ainda minoritárias, sua presença já se fazia sentir a diferença da implantação do comunismo.

Nas eleições de 1945 o PCB conseguiu cerca de 10% do eleitorado, elegendo um senador e 12 deputados federais. No entanto, nenhuma mulher foi eleita para o congresso nacional. No geral, apesar dos avanços, poucas foram lançadas candidatas para deputada federal, estadual ou mesmo vereadora. Contudo, algumas mulheres comunistas conseguiram se eleger nas eleições subsequentes.

Umas das forças das mulheres foi : - 
  • Adalgisa Cavalcante, que havia sido candidata derrotada à Câmara Federal em 1945, elegeu-se a primeira deputada estadual de Pernambuco em janeiro de 1947. Cassada um ano depois, continuou ativa na sua militância sendo presa diversas vezes.
  •  Zuleika Alambert, aos 24 anos, ficou na suplência da chapa comunista, mas acabou assumindo uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Sua base eleitoral era a cidade portuária de Santos. Ela foi secretária-geral da Juventude Comunista e se transformou numa das principais dirigentes dessa frente partidária.
Algumas comunistas também se elegeram vereadoras. 
  • Arcelina Mochel elegeu-se no antigo Distrito Federal e chegou a ser líder da maior bancada daquela casa legislativa, composta de 18 vereadores. Entre eles também se encontrava outra mulher: 
  • Odila Schmidt. A militante Elisa Kaufman foi eleita na cidade de São Paulo. 
  • Maria Olímpia Carneiro elegeu-se em Curitiba (PR) 
  • Salvadora Lopes Peres, líder operária, em Sorocaba (SP), embora tenha sido impedida de tomar posse. 
  • Vera Pinto Telles, eleita primeira suplente, acabou assumindo uma cadeira na Câmara Municipal de Campinas (SP). Ainda não sabemos o número exato de comunistas eleitas naquele período.
Embora tenha crescido o número de mulheres no interior do PC do Brasil, elas continuavam sub-representadas nos seus órgãos dirigentes. A III Conferência Nacional do PCB, realizada em 1946, elegeu um novo Comitê Central. Dos 44 membros eleitos – como efetivos e suplentes – não havia nenhuma mulher. Este passou a ser um grave problema de ordem política e ideológica que deveria ser superado. Por isso, nesta conferência foi tomada a decisão de criar comitês de bases femininos.

NO TRABALHO FEMININO DAS COMUNISTAS

Um grande passo no trabalho feminino dos comunistas foi dado com a fundação, em julho de 1947, do jornal Momento Feminino. Ele tinha um subtítulo que hoje pode parecer estranho a uma feminista: 
  • “um jornal a serviço do seu lar”.
Mesmo que, aos olhos de hoje, um modelo feminino como este tenha um caráter conservador, exaltando a maternidade, a abnegação, a moralidade exemplar (...), é necessário considerar que o projeto comunista incentivava a participação da mulher na luta política, novidade para época, ajudando-a a libertar-se da opressão social e a afirmar-se como mulher e cidadã. 

Não é difícil imaginar o grau de discriminação social sofrido pelas militantes naquela época. Lembremos que o discurso anticomunista ressaltava particularmente a falta de valores morais dos revolucionários, sugerindo a promiscuidade e a licenciosidade sexual no interior do Partido. 

As mulheres, sobretudo, as jovens militantes, tinham que suportar as difamações acintosas sobre sua vida privada e principalmente sobre sua conduta sexual”.

O Momento Feminino, sob a direção da incansável Arcelina Mochel, se constituiria no principal órgão da imprensa feminina naqueles anos. Tornou-se um instrumento agregador e organizador das mulheres comunistas e progressistas brasileiras. O jornal impulsionou a criação de comitês femininos em bairros e sindicatos. Num artigo no Momento Feminino fala-se na existência de 43 núcleos funcionando. Entre eles estava a Associação Feminina do Distrito Federal, dirigida pela militante Antonieta Campos da Paz.

A CRIAÇÃO DA FEDERAÇÃO DE MULHERES DO BRASIL (FMB)

O resultado de todo esse trabalho foi a criação da Federação de Mulheres do Brasil (FMB) em 1949. À frente desse esforço estavam nomes como :
  • Ana Montenegro, Arcelina Mochel
  • Alice Tibiriçá, que foi a primeira presidenta da entidade. Alice morreria no ano seguinte de sua eleição. Para seu lugar foi indicada a educadora Branca Fialho, que chegou a ser vice-presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM). 
As duas não eram filiadas ao Partido Comunista do Brasil. Arcelina Mochel, como secretária-geral, representava as comunistas na direção da entidade.

A Federação congregou organizações femininas de 11 estados brasileiros. Uma das grandes campanhas que a entidade se envolveu foi contra a carestia de vida, pelo controle dos preços dos produtos essenciais. Foi em resposta a essa reivindicação que o governo Vargas criou a Sunab (Superintendência Nacional de Abastecimento). Uma vitória das comunistas brasileiras.

As mulheres, dirigidas pela sua federação, também participaram das campanhas “O Petróleo é Nosso!” e pela paz mundial, contra a proliferação das armas atômicas. Um informe dado no IV Congresso do PCB dá conta de que somente as organizações femininas tinham arrecadado quase 1 milhão de assinaturas para o Apelo de Estocolmo. Elas foram ativas na luta contra o envio de soldados brasileiros para combater na Coreia.

HEROÍNAS COMUNISTAS QUE SE DESTACARAM NA HISTÓRIA COMUNISTA

Durante o governo Dutra três heroínas comunistas se destacariam. 
  • Zélia Magalhães, assassinada em 15 de novembro de 1949, durante um comício organizado pelo PCB; 
  • Angelina Gonçalves assassinada numa manifestação de Primeiro de Maio, na cidade gaúcha de Rio Grande em 1950;
  •  Elisa Branco, presa e condenada a três anos de prisão simplesmente por abrir uma faixa onde se lia “Os soldados, nossos filhos, não irão para a Coreia”. Ela se tornaria um símbolo internacional e ganharia o prêmio Stalin da Paz.
Mas existiam aquelas comunistas que não podiam ter nenhum trabalho que lhes dessem projeção política, pois viviam na clandestinidade. Refiro-me, entre outras, às militantes que eram companheiras de dirigentes partidários, como 
  • Maria Prestes,
  •  Edíria Amazonas, 
  • Renée Carvalho 
  • Clara Charf. 
Elas tiveram um papel importante no apoio ao funcionamento do Comitê Central, cuidando dos aparelhos, fazendo os contatos entre dirigentes e mesmo dando aulas nos cursos Stalin e Lênin. Ao lado dessas, centenas outros de nomes femininos desapareceram da história. Viveram e morreram clandestinas.

As mulheres também participavam dos atos ousados realizados pelo Partido naqueles anos de clandestinidade. Em 1949, quando se realizavam as comemorações dos 70 anos de Stalin um grupo de alpinista – tendo entre eles Elza Monnerat – escalou o morro Dois Irmãos no Rio de Janeiro e escreveu na rocha o nome do dirigente soviético. Um feito que agitou a antiga capital do país. As jovens comunistas não ficavam atrás dos seus companheiros em matéria de coragem e ousadia.

Nas grandes mobilizações operárias que sacudiriam o país, no final da década de 1940 e início de 1950, as mulheres comunistas tiveram uma grande participação. Na greve dos 300 mil que parou a capital paulista – e foi uma das mais importantes do período – se destacaram as figuras de Maria Sallas, Orondina Silva e Adoracion Vilar. Graças a esse movimento grevista foram criados departamentos femininos nos sindicatos dos têxteis, metalúrgicos e gráficos.

AS ORGANIZAÇÕES DE BASES FEMININAS

Tentou-se ampliar e fortalecer as organizações de bases femininas no interior do Partido, cujas tarefas fundamentais eram “mobilizar e organizar as mulheres partindo das suas reivindicações específicas, das lutas contra a carestia, pelo congelamento de preços em defesa da infância e elevando-as até às lutas democráticas e emancipadoras”. A direção critica a tentativa de transformar essas organizações de bases em aparelhos apenas voltados para o trabalho de apoio, como colar cartazes e angariar fundos.

Levando-se em conta as dificuldades vividas pelas mulheres naquela época, podemos dizer que foi significativo o número delas integradas aos cursos Stalin e Lênin, ministrados em grande escala nos primeiros anos da década de 1950. Muitas militantes, como Edíria Carneiro, seriam transformadas provisoriamente em professoras das escolas partidárias.

Algumas mulheres seriam incluídas nas três turmas que fizeram o curso de aprofundamento do marxismo-leninismo na URSS, com a duração de dois anos. Essas medidas sinalizavam uma preocupação maior em formar quadros femininos para o trabalho de direção política, superando um problema estrutural na construção do partido desde a sua origem.

Houve uma grande mobilização brasileira para a participação na Conferência Latino-Americana de Mulheres, realizada em agosto de 1954. Neste período, conforme afirma Olga Maranhão, surgiram mais de 30 organizações de massa femininas e vários sindicatos realizaram assembleias para eleger suas delegadas para aquela conferência. Ainda neste ano ocorreu um Ativo nacional do PCB sobre o trabalho feminino.

Percebe-se, com os olhos de hoje, que ainda não havia uma clara conceituação para o termo “emancipação da mulher”; assim como era nítida a confusão entre atuação no “movimento feminino” e o trabalho interno partidário entre as mulheres. 

Apesar desses problemas, os avanços saltam aos olhos.

A mulheres continuam na sua luta e nunca desistiram, mostram serem grandes lutadoras ao longo de 50 anos.


Continuem na sua luta pela igualdade com os homens DENTRO DE NOSSA SOCIEDADE.

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